Bem, da minha mente oiço apenas uma resposta, e só esta faz sentido, é incontestável, é milagrosa, é o primeiro e mais sábio mandamento/regra/lei: amanhã passarás fome! Até o meu corpo reage fisicamente a esta ideia, como se de uma solução para todos os meus problemas se tratasse, sinto os meus músculos contorcerem-se com ansiedade pelo dia de amanhã, para poder passar fome, para me poder controlar, para poder compensar o erro (nojento) de hoje, para me castigar. Ultrapassando este próximo dia de estômago vazio sei que serei mais forte, mais capaz, mais digna da vossa (sejam vocês quem forem) companhia, enfim, estarei um pouco mais próxima da perfeição.
Até aqui tudo muito bem, o plano é simples, directo e perfeito. Mas, agora dou-me de caras com o verdadeiro problema, como vou escapar ao almoço de família amanhã? E, pior, como vou ter coragem da ida à praia com esta barriga inchada, gordura acumulada, banhas que abanam, celulite que mais parece uma colónia de formigueiros? Como vou esconder o descontrolo desta noite?
Questões que me esgotam, massacram, que fazem parte da rotina, que não me deixam respirar livremente, que me impedem de focar em assuntos normais, de pessoas normais. Dilemas considerados fúteis para muitos, mas obsessivos para pessoas como eu. Enfim, perguntas cuja resposta só o temível amanhã me dirá. E hoje já sei que o que acontecer amanhã será auto-destrutivo:
- Se não comer, estou a preparar uma cilada ao meu corpo para uma compulsão num futuro muito breve (já para não falar na destruição massiva da minha saúde a longo prazo);
- Se comer, a minha mente obsessiva irá deixar-me irritadiça, deprimida e no tão detestável transe comer-tudo-o-que-me-aparecer-à-frente.
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